Numa época em que a incidência do cancro tem aumentado 3% ao ano, o investimento na área oncológica continua a crescer. Está em desenvolvimento a tecnologia de feixe de protões, uma alternativa à radioterapia convencional, que apresenta uma maior precisão e uma redução dos efeitos secundários.

Duas unidades a implementar em Loures e Coimbra

Estima-se que em 2024 surjam em Portugal duas unidades de saúde no Sistema Nacional de Saúde que contemplam esta tecnologia. Será inaugurado um centro em Loures, no Campus Tecnológico e Nuclear do Instituto Superior Técnico, no valor de 100 milhões de euros, com especial aposta no tratamento de cancros complexos em crianças, como cérebro, pescoço e pulmão. Existirá uma segunda unidade em Coimbra, no Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde, com investimento de 30 milhões de euros, totalmente dedicada à visão.

Para o futuro, prevê-se um alargamento à escala nacional. No mundo, são já 93 as unidades de feixe de protões, 27 das quais na União Europeia.

Aplicação com maior precisão e menos radiação

Se o feixe de raios-X, inerente à radioterapia convencional, diminui a intensidade à medida que entra no corpo e atravessa o tumor, danificando os tecidos saudáveis adjacentes, o feixe de protões limita-se a atingir apenas o tumor, reduzindo as lesões nos tecidos contíguos e aumentando a eficácia, com uma forte carga de energia. Um doente tratado com feixes de protões incorpora menos 60% de radiação do que quando submetido à radioterapia.

Associado a um custo por doente sete vezes mais elevado do que a radioterapia convencional, este novo método de tratamento vem substituir a radioterapia apenas em determinados casos. Havendo uma baixa probabilidade de complicações ou efeitos secundários, o Prof. João Seco, académico português e investigador em física biomédica e radiação oncológica no Centro Alemão de Pesquisa do Cancro, afirma que continuará a recorrer-se maioritariamente à radioterapia, corroborando um estudo no Japão que apenas 15% dos pacientes tratados com radioterapia convencional precisam de ser tratados com feixes de protões.