Todos os anos saem estudos sobre as tendências tecnológicas e o seu poder para as organizações. A verdade é que, para as empresas tecnológicas resistirem têm que conseguir acompanhar essas tendências para continuar a dar resposta às constantes necessidades do mercado.

Este artigo pretende de forma simples, rápida e clara desmistificar essas tendências permitindo assim que todas as pessoas, especialmente aquelas que percebem pouco ou zero de tecnologia fiquem a par e se sintam um pouco mais conhecedoras e próximas do mundo tecnológico.

Confesso que para mim foi um grande desafio fazer este artigo pois não sou uma pessoa Tech e por isso demorou a perceber e a transpor para algo simples e de fácil compreensão todas aquelas terminologias. Mas espero que o resultado final tenha valido o esforço.


Neste contexto, o primeiro desafio foi perceber afinal quais são as tendências tecnológicas para 2022? Existem vários estudos que falam sobre isso, por isso baseei-me em vários estudos, principalmente da Gartner, entre outros.

1# Data Fabric. Começamos por esta tendência que à letra significa Fábrica de Dados, mas desenganem-se, pois, o Data Fabric não produz dados. Imaginem uma grande teia que sistematiza dados/informações provenientes de diferentes locais (plataformas e sistemas) e que, de forma inteligente consegue cruzar esses dados todos e perceber quais são realmente importantes e que acrescentam valor e quais os dados que devem ser ignorados. Desta forma será possível cruzar, gerir e capturar informações e explorar de forma mais eficaz as potencialidades dessa informação.

Resultado para as empresas: Com o acesso a informações mais confiáveis ​​e precisas será possível melhorar continuamente a performance da empresa e tomar decisões mais acertadas com menor risco e mais confiabilidade no processamento de dados. Ou seja, a possibilidade de gerir e unificar dados oriundos de diversos sistemas e plataformas de captação de dados, irá permitir ter uma visão integrada e mais complexa sobre o desempenho do negócio, podendo assim tomar medidas mais promissoras para melhorá-las.

2# Cybersecurity Mesh. Esta tendência “Malha de segurança cibernética” seria de se esperar especialmente quando 2021 foi um ano marcado por várias falhas de segurança, que culminou em diversos ataques virtuais às empresas. A verdade é que a grande maioria das empresas estava acostumada a ter os seus trabalhadores na empresa e as informações fluíam essencialmente em ambiente restrito e seguro, no entanto, com a pandemia, as empresas sentiram-se forçadas a alterar o paradigma até então usado para garantir que as atividades/operações pudessem continuar a ser realizadas em diferentes locais e plataformas.

Essa mudança de transição para o mundo remoto abriu portas para aumentar a exposição a riscos de cibersegurança/ataques virtuais. É aqui que entra esta tendência, uma alternativa para garantir a segurança dos dados através de uma arquitetura escalável, flexível e combinável que permite integrar diferentes serviços de segurança. Estes serviços em vez de atuarem de forma independente/isolados, podem trabalhar em simultâneo, de modo diferenciado, em função da informação e ao trabalharem juntos conseguem maximizar e alargar a segurança geral da empresa.

De acordo com o relatório anual de 2020 da Cybersecurity Ventures, os crimes cibernéticos terão um custo para o mundo de cerca de US$ 10,5 trilhões anuais até 2025.

3# Privacy-enhancing computation. Com um mundo cada vez mais digital, obrigou a uma evolução das leis de privacidade e de proteção de dados de forma a garantir a segurança dos consumidores quando precisam disponibilizar informações pessoais. Esta tendência, é o reflexo disso mesmo, o objetivo é aprimorar a privacidade e proteger o processamento de dados pessoais em ambientes não confiáveis.
É uma forma de diferentes intervenientes extrairem valor das informações sem se expor ou expor os seus conjuntos de dados.

Para as organizações é determinante alinhar a empresa às leis de privacidade e proteção de dados e, principalmente, oferecer segurança a todos os públicos da sua empresa.

Segundo um estudo realizado pela MasterCard em julho 2021, é mostrado que 73% do público informou já ter sofrido algum tipo de ameaça digital.

4# Cloud-Native Platforms. O conceito “Cloud/Nuvem” já é um tema recorrente e cada vez mais utilizado pelas empresas e particulares. Daí o surgimento desta tendência que no fundo são tecnologias que permitem criar novas arquiteturas de aplicações de qualidade, resilientes, elásticas e ágeis, permitindo responder às rápidas mudanças digitais.

Na Nexllence temos vários exemplos que são aplicados no desenvolvimento de soluções, a utilização de Docker, Kubernets, Terraform e outros permitem às entidades uma adaptatividade às necessidades do mercado.

A previsão da Gartner é que, até 2025, as Cloud-Native Platforms servirão de base para o surgimento de 95% novas iniciativas digitais.

5#. Composable Applications. Falar sobre aplicações é algo que todos nós conhecemos e utilizamos, no entanto, segundo a Gartner, ainda existem alguns desafios comuns, como a falta de experiência em programação, o uso de tecnologias inadequadas ou a exigência de uma entrega rápida e eficiente. O que esta tendência pretende é desenvolver aplicações combinadas e modulares que facilitem o uso e a reutilização do código, acelerando o tempo de colocação no mercado de novas soluções de softwares e acrescentando valor às organizações.

Esta tendência pretende dissociar o modo funcional da aplicação ou do processo que o negócio necessita.

6# Decision Intelligence. É a capacidade de uma empresa de processar grandes quantidades de dados para tomar decisões e garantir que são as mais acertadas. Num mundo onde inovações tecnológicas surgem rapidamente, a tomada de decisão pelas empresas tem que primar pela qualidade e agilidade. É aqui que esta tendência, que pretende aliar as tecnologias como BI (Business Intelligence), AI (Artificial Intelligence) e ML (Machine Learning) para aproveitar as análises dos dados que estas ferramentas oferecem e auxiliar gestores na tomada de decisões (resolução de problemas e outros) de forma prática, fácil e certeira.

Segundo a Gartner até 2023, prevê-se que mais de um terço das grandes empresas terão analistas praticando DI.

7# Hyperautomation. A crescente aposta das empresas no crescimento, digitalização e excelência operacional fez com que esta tendência tivesse grande relevância para 2022. No fundo, a Hiper automação é uma abordagem focada em negócios para identificar e automatizar o maior número de processos de TI possível. Para isso, é preciso implementar diversas ferramentas tecnológicas e plataformas, como a tecnologia low-code e no-code. Por outro lado, as equipas devem focar-se em três aspetos principais: melhorar a qualidade do trabalho, acelerar os processos do negócio, e privilegiar a agilidade.

Uma outra aplicabilidade é na automação da escalibilidade das soluções que levam a uma optimização das arquitecturas e infraestruturas existentes.

8# Distributed Enterprise. Um conceito que surgiu de duas áreas diferentes: o trabalho remoto resultante das restrições impostas contra a COVID-19, que exigiu novas ferramentas e uma flexibilização, e a indisponibilidade dos consumidores no comércio presencial. Assim, as empresas que adotaram esta abordagem de “Empresas Distribuídas” digitalizaram processos para proporcionar melhores experiências tanto para os trabalhadores quanto para os clientes.

Este conceito surge como necessidade de implementar soluções de segurança, não só, nas sedes ou edificios onde todos se encontravam para trabalhar mas adicionalmente interpretar todos os locais onde os colaboradores podem estar e desta forma tornar esses lugares seguros.

Até 2023, 75% das organizações que aproveitam os benefícios do modelo distribuído terão um crescimento de receita 25% mais rápido que seus concorrentes, afirma a Gartner.

9# Total Experience. O objetivo é interligar, otimizar e promover uma experiência total a cada um dos colaboradores, clientes, parceiros e utilizadores em relação à empresa, ou seja, pretende-se com esta tendência melhorar a qualidade do serviço e a vivência de cada pessoa com um produto ou serviço em todos os pontos de intersecção entre eles.

Até 2026, estima-se que 60% das grandes empresas devem utilizar a experiência total para transformar os modelos de negócios e, assim, alcançar níveis de satisfação melhores para todos os stakeholders.

10# Generative AI. A Inteligência Artificial todos os anos tem ganho destaque nas tendências tecnológicas e este ano não é exceção, na verdade esta tecnologia tem apoiado a inovação em diversas indústrias: desde carros inteligentes que usam algoritmos de reconhecimento facial para detetar se o condutor está a prestar atenção à estrada, aos smartphones que nos ajudam a tirar melhores fotografias. Também ao nível das organizações, a IA promete continuar a revolucionar os processos, permitindo a eliminação de trabalho repetitivo e a diminuição da margem para erro. Resumindo, a IA generativa tem o potencial de aprender por meio de textos, áudios ou imagens e utilizar esse conhecimento para a criação de novos conteúdos e acelerar ciclos de Pesquisa e Desenvolvimento em áreas que vão da medicina à criação de produtos.

11# Autonomic Systems. Os sistemas autónomos são sistemas físicos ou softwares de autogestão que modificam, dinamicamente, os seus algoritmos, em tempo real, a fim de otimizar o comportamento em ecossistemas complexos. No fundo estes sistemas criam recursos tecnológicos ágeis, capazes de suportar novos requisitos e situações, otimizar o desempenho e defender-se de ataques virtuais sem intervenção humana.

Vejamos, alguns segmentos como bancos, seguradoras, hospitais e companhias aéreas, por exemplo, que não podem ficar suscetíveis a quedas de ligação ou indisponibilidade de rede. Isso significa que a indisponibilidade de rede é algo crítico nestes setores, podendo comprometer a atividade da empresa. Diante desse cenário, é fundamental garantir, por meio de Sistemas Autónomos, que haverá disponibilidade de rede constante e segura para a realização das funções inerentes ao core business da organização como um todo.

12# Wi-Fi 6.  Originalmente foi criado com o objetivo de lidar com o crescente número de dispositivos conectados no mundo, sendo especialmente adequado para os casos em que existe um grande número de equipamentos ligados e que requerem a melhor ligação. O WiFi 6 pretende assim melhorar a velocidade e a eficiência energética e reduzir o congestionamento durante os períodos de utilização massiva do acesso à rede Wi-Fi.

Wi-Fi 6 estão, silenciosamente, a ultrapassar os dispositivos 5G. Uma empresa de referencia do mercado, prevê que haverá mais dispositivos Wi-Fi 6 a serem utilizados em 2022 do que dispositivos 5G, na ordem de pelo menos 2,5 mil milhões de dispositivos contra cerca de 1,5 mil milhões. O Wi-Fi 6, tal como o 5G, tem um papel significativo a desempenhar no futuro da conectividade sem fios – não só para os consumidores, mas também para as empresas.

13# Wearable technology in health care. É uma tendência que já vem detrás mas que segundo uma empresa de referencia, continuará a ser uma grande aposta. Prevê-se que as vendas de dispositivos para a saúde e bem-estar, tais como adesivos e Smart watches terão um grande crescimento em 2022 – podendo atingir mais de 320 milhões de unidades.

14# Mental health goes mobile. Com a pandemia, sem dúvida que as aplicações ganharam maior relevância no mercado e em diversos setores de atividade. Um deles é o setor da saúde, que segundo a Deloitte, os gastos globais em aplicações móveis de saúde mental atingirão cerca de 500 milhões de dólares em 2022.

15# AI Engineering. Confesso que deixei este último para o fim, porque para mim foi mesmo mesmo difícil perceber esta tendência e por fim a sua relevância. Basicamente automatiza atualizações de dados, modelos e aplicações para agilizar a entrega de AI. Consiste na ideia de que uma engenharia de AI robusta é fundamental para que a performance, a escalabilidade e confiabilidade dos modelos de inteligência artificial sejam entregues de forma plena. Levando-se em conta eventuais desafios enfrentados pelos projetos de AI, como as manutenções, a escalabilidade e governança, a engenharia pode oferecer um caminho que facilita o trabalho das organizações.

“Até 2025, 10% das empresas que estabelecerem melhores práticas de engenharia AI vão gerar pelo menos três vezes mais valor em seus esforços de AI do que 90% das empresas que não.”


Fontes: https://www.gartner.com/en/information-technology/insights/top-technology-trends

https://www.a10br.com/blog/tendencias-tecnologicas-de-2022

https://www.opensoft.pt/5-tendencias-tecnologicas-para-2022/

https://www.umov.me/tendencias-tecnologicas-gartner/

https://www.upx.com/post/qual-e-a-importancia-de-ser-um-sistema-autonomo

https://activesys.pt/tendencias-tecnologicas-2022/

https://www.maistecnologia.com/wi-fi-6-e-5g-as-tecnologias-que-irao-mudar-a-forma-como-comunicamos/

https://www.unisoma.com.br/tendencias-de-tecnologia-para-2021/

By Raquel Pires