Portugal regista todos os anos mais de 60 mil novos casos de diabetes e, diariamente, são diagnosticadas no país 200 pessoas com diabetes. Tendo em conta esta realidade, e ciente da importância do problema, Célia Ribeiro, Health Innovation Manager na Inov, debruçou-se sobre as dificuldades que os pacientes possam ter ao nível do controlo e acompanhamento da doença, e sobre a potencialidade da tecnologia – nomeadamente, gamification – para criar soluções inovadoras nestes casos.

“Is Healthcare IT moving to the right side?”

“Recentemente, li um livro que abordava o tema da importância do lado direito do cérebro humano. Referia que vivemos numa altura em que o poder do lado esquerdo, tipicamente analítico está a ser ultrapassado pelo lado direito – criativo. Este facto chamou assim a minha atenção para a importância que o design tem no mundo moderno e, ao mesmo tempo, mudou a forma como vejo e penso os sistemas de informação.

Aliados a esta mudança, começámos a pensar em como poderíamos auxiliar os doentes crónicos, em particular doentes com diabetes. Neste sentido, surgiu assim a ideia de criar uma aplicação móvel para acompanhar estas pessoas que necessitam de ter um acompanhamento do plano terapêutico prescrito pelo seu médico. Desta forma, neste projeto estão a ser utilizadas técnicas de design e de gamification para aumentar a performance da aplicação e a adesão dos doentes a este tipo de soluções.

Porém, já foram desenvolvidas aplicações com objetivos semelhantes no passado, mas não como esta. A maioria dos aplicativos no mercado, usados para controlar a diabetes, apenas possibilitam o registo dos níveis de glicose e não são pensados para interação ou para trocas de feedback com os profissionais de saúde. Em contrapartida, esta solução irá permitir essa interação, em particular com o farmacêutico de confiança do doente, de forma a que este o aconselhe e o motive relativamente ao plano que se encontra a seguir. Além disso, o doente vai recebendo pontos à medida que vai registando com sucesso as ações indicadas pelo médico e sabe que estas estão a ser recebidas pelo seu farmacêutico para que o possa orientar e enviar mensagens de encorajamento.

Posto isto, porque é que isso é diferente? Todos nós conhecemos os benefícios de uma dieta saudável e do exercício físico. Ainda assim, nem sempre é suficiente para nos motivar. Todos sabemos que a diabetes é uma patologia séria e precisa de acompanhamento, mas essa consciência não é suficiente para envolver os doentes no uso deste tipo de soluções. Com a utilização de um design apelativo, simples e centrado no jogo, o utilizador tem a sensação e a motivação necessária, desafiando-o a melhorar o seu desempenho através da recompensa.

O uso de técnicas de design, criação de perfis de doentes e mapeamento do percurso do doente permite que empresas de TI avancem e criem soluções que façam a diferença na vida do cidadão. Conhecer o doente, entender o seu estilo de vida, as suas dores, as suas rotinas, percebendo o que precisam e principalmente o que os motiva, permite a empresas construir soluções criativas, permitindo a mudança para o “right side”.

E vocês, partilham desta opinião? Estamos no caminho certo?